Em breves palavras, e para quem ainda não conhece bem o teu trabalho, podes apresentar-te?
Eu sou a Iva Viana, estudei Belas Artes no Porto, Escultura, e quando terminei, trabalhei numa empresa francesa como técnica de escultura. Ou seja, executava à risca os desenhos e os planos que me davam. Mas, seis anos depois, senti uma necessidade de abrir o meu próprio atelier, de ter um papel mais criativo nas obras que executava. Esses seis anos na empresa foram muito importantes, porque foi o meu primeiro contacto com o gesso.
Quais são as tuas maiores inspirações?
Aquilo que me inspira mesmo costumo dizer que é a própria matéria, o gesso é realmente muito interessante. E é considerada uma matéria pobre, não é? Mas depois é tudo. Eu gosto mesmo muito deste espaço, por isso é que não quero sair daqui, por isso é que tenho investido muito em melhorá-lo, porque gosto muito desta luz. Por isso é que gosto muito de fotografar, porque vejo planos e fico “uau”, isto é mesmo bonito. Todo o meu trabalho, sendo volume e escultura, eu só vejo luz e sombras, luz e sombras, e depois a mesma peça de manhã é uma coisa e à tarde é outra, porque a luz já mudou completamente. E isso encanta-me. É isso que me inspira, na verdade.
Consegues descrever-nos o teu processo criativo?
Para mim é essencial que o desenho seja meu, mas depois eu deixo-me muito influenciar pela história que ouço. Costumo dizer na brincadeira que conto histórias, mas a verdade é que depois perco o fio à meada e já estou a contar a minha interpretação da história que ouvi. Começa sempre por aí, ou a história ou o espaço que vai receber a peça. Agora, é essencial que realmente eu tenha um papel criativo na obra total, que seja desenhado e criado por mim.
Qual o papel da cor nas tuas obras?
Aqui é essencial que as peças sejam sempre monocromáticas, porque quer sejam brancas ou não, estamos sempre a trabalhar com a luz e com a sombra na peça. Portanto, eu não posso aceitar na mesma peça ter três, quatro cores, isso para mim é impensável. A introdução da cor no ateliê surgiu para as peças mais comerciais. Eu fui introduzindo cada vez mais cor, e a paleta agora acho que ultrapassa as 20 cores. E é interessante porque as pessoas escolhem a peça que querem na cor que querem. Portanto, tornou-se aqui quase objetos colecionáveis, quase um objeto de desejo. Quando uma pessoa tem aquela flor daquela cor, já quer outra flor da outra cor. E é muito bonito também perceber que a peça deixa de ser minha e passa a ser delas. Eu acho esta entrega também muito bonita, quando elas sentem o facto de poderem escolher a cor que querem, a peça deixa de ser minha, totalmente minha, e passa a ser delas.
Se tivesses de escolher 3 cores para descreverem o teu trabalho quais seriam?
Para mim, o branco é essencial. Para já, porque é a cor da matéria e é a cor com que eu trabalho. E é essencial para eu perceber a luz e a sombra da obra que estou a criar. Se não fosse branco, eu adoro ver as minhas peças em preto, são lindas, fica muito, muito elegante, ou então azul escuro.
Costumas utilizar as cores CIN nas tuas obras. Como começou esta relação?
Eu trabalho com a CIN desde sempre. Fiz sempre questão, mesmo no início do atelier, de investir em bom material, até porque a peça final tinha que chegar o melhor possível ao cliente. Mas também no início, eu trabalhava com pouquíssimas cores. Gosto muito dos meus colaboradores e dos meus parceiros aqui à minha volta, e prefiro comprar local. Não temos uma loja exclusiva da CIN aqui em Viana do Castelo, mas tenho os meus parceiros que vendem CIN e é com eles que eu trabalho desde sempre.